Olá amigos. Neste espaço, dedicado a novos conhecimentos sobre escrita começarei a colocar todas as semanas um pouco do que aprendi nos cursos que fiz e livros que li.
Tudo que vou colocar aqui me foi de grande ajuda, e espero que ajude a todos também.
Não são necessariamente aulas, mas dicas de como se criar um bom personagem, uma boa história, conceitos utilizados, divisão estrutural de uma história (que é SEMPRE a mesma, não importa se é um drama, terror ou comédia), entre outros.
Espero que haja um retorno positivo e neste caso, continuaremos todas as semanas, sempre as sextas feiras.
Sem mais delongas, vamos começar.
- Clique para abrir o texto.:
- Aula 01 - O Roteiro
O roteiro, é algo essencial para qualquer escritor. É a estrutura de sua história. Boas ideias, simplesmente não funcionam quando não tem um bom roteiro por detrás delas.
Podemos dizer por exemplo, que o roteiro é um conjunto. O conjunto de história, diálogos, personagens e descrições, localizados dentro da estrutura dramática.
Basicamente, um roteiro é sobre uma ou várias pessoas, em um ou vários lugares, fazendo alguma coisa. A pessoa é o personagem e viver suas coisas é sua ação.
Se um roteiro é um conjunto de histórias, diálogos, personagens, descrições, etc, o que todos eles tem em comum?
A resposta é simples. Começo, Meio e Fim. Não necessariamente nesta mesma ordem. Porém, independente de se escrever um conto de 01 página ou um romance de 700 folhas, a estrutura básica será a mesma.
Escrever, é mais ou menos como uma receita de bolo. Você pode colocar mais ou menos açucar, chocolate, morango ou baunilha, mas no fundo os ingredientes principais são os mesmos.
Se colocássemos um roteiro numa linha reta, ele seria mais ou menos assim:
Inicio..................................Meio....................................Fim
______________|______________________________|_________________
Essa é a estrutura básica de um roteiro, que "segura" tudo em seu devido lugar.
Geralmente, a primeira parte corresponde a 25% do tamanho de sua história, o meio corresponde a 50% e o fim a outros 25%.
Portanto, temos que a história é uma junção de eventos, personagens, locais, descrições, que se desenvolvem durante três atos. A junção de todas estas partes é que formará seu roteiro.
Ato 1 - Início
O Ato 1 é o ato mais importante de seu roteiro. É onde se dará a apresentação de seus personagens, dos lugares pelos quais ele passará. Onde todos os personagens principais devem ser apresentados (afinal, não tem nada pior do que ler um livro inteiro e ao final, a solução vir de um personagem que não foi sequer citado durante as outras trezentas páginas de sua história).
Definitivamente, é a parte mais difícil de se escrever, porém, é a que se deve dar mais atenção. Simplesmente, por que o ser humano tem milhares de opções para entretenimento hoje em dia. Sim, existem pessoas que são "chatas" e continuarão lendo um livro ou assistindo a um filme mesmo sem gostar, porém a imensa maioria vai perceber que tem coisas melhores para fazer, pode procurar outra forma de entretenimento e largar sua história.
Portanto, ter um começo atraente, que fisgue o leitor é essencial. Não adianta bolar o maior mistério do mundo, com uma resolução que faria os adoradores de romances policiais te considerarem um escritor melhor do que Conan Doyle ou Agatha Christie, se ninguém passar pelas primeiras trinta páginas do seu livro.
Existem estudos apontando (e podemos fazer os testes nós mesmos), que em geral, o ser humano demora 10 minutos para formar uma opinião sobre um filme ou história. A próxima vez que for ao cinema, ou assistir a um filme, pode perceber. Em 10 minutos você já sabe se gostou ou não do que lhe foi apresentado. E o mesmo vale para livros.
Logo, as primeiras trinta páginas são essenciais. Os primeiros capítulos precisam sim ser as melhores coisas que você já escreveu na vida. Para manter o interesse de seus leitores acesos.
Nas primeiras trinta páginas (em média, pois se tratando de livros, pode-se demorar um pouco mais, porém trinta é um número razoável), você deve apresentar os personagens, a história, as situações que ocorrerão devido ao desenrolar da história, desenvolver o relacionamento entre seus personagens principais e seus vinculos com o mundo onde se passa a história.
Durante o primeiro ato, deve-se também mostrar a motivação do personagem principal. Qual seu objetivo? Ele é um vampiro tentando aceitação dos membros de sua gangue? Um deputado tentando alcançar a presidência dos EUA? Um passageiro sobrevivente de um avião que caiu tentando voltar a civilização? Não importa. Durante o primeiro ato, você deverá mostrar aos leitores para onde seus personagens querem ir (ou são obrigados a ir). É basicamente, um "convite ao passeio".
Podem pegar qualquer livro que já tenham lido, e verão como essa estrutura se mantém coesa. Não importa se você está lendo Game of Thrones, Entrevista com o Vampiro, Branca de Neve, Harry Potter ou um livro genérico de Dan Brown. Todos terão seus personagens e núcleos criados e desenvolvidos durante o início.
Ato 2 - Meio
O Ato 2, é a confrontação.
Após termos definidas todas as ações, personagens, vínculos entre eles e o mundo, etc, devemos começar a complicar a vida de nossos personagens.
Afinal, se tudo fosse fácil, a história não teria graça certo?
Aqui, é onde teremos obstáculos atrás de obstáculos, sempre atrapalhando nossos protagonistas em sua jornada.
A história sempre será impulsionada pela necessidade do personagem de atingir seu objetivo.
A partir do momento em que conhecemos nossos personagens e sabemos quais são seus objetivos, podemos começar a colocar os obstáculos que entrarão em seu caminho até que ele alcance (ou não) o que almeja.
Os obstáculos podem ser os mais diversos. Os suprimentos do sobrevivente que acabaram, enquanto alguns animais selvagens começam a rondar o local. Um adversário político do concorrente a presidência, ou talvez um escândalo que o personagem não pode ter divulgado.
Enfim, essa é a hora de exercer nosso sadismo e complicar o máximo possível a vida de nossos personagens.
A palavra do segundo ato é conflito.
Não há drama sem conflito. Sem um conflito, o personagem ficará estático. Com um personagem estático, não há ação. Sem ação, não há história.
Ato 3 - Fim
O ato 3, é o ato da resolução.
Resolução não no sentido de um fim a sua história, mas num sentido de solução do que foi apresentado.
O personagem conseguiu escapar da selva? O político ganhou a eleição? Não importa. Mesmo que seus personagens tenham falhado em seus objetivos, o leitor merece uma resolução para todo o conflito que havia sido apresentado anteriormente.
O ato 3 não representa em si o fim da história e sim a resolução do problema. O fim pode ser aquele epílogo, de uma página, contando o que aconteceu depois. Ou uma abertura para novas histórias com algum gancho. Isso independe. O que importa é o conflito desta história ter sido resolvido.
Obviamente não é fácil agradar a todos, quanto ao desfecho de sua história. Porém é importante lembrar de se manter a coesão. Finais "Deux ex machina" ou seja, onde a solução cai do nada, sem nunca ter sido sequer citada durante a história, dificilmente agradam aos leitores.
Plot Points
Bom, apenas para terminar esta primeira parte, temos então que sua história é dividida em 03 atos de igual importância.
Porém, a passagem do Ato 1 para o Ato 2 e do Ato 2 para o Ato 3, ainda precisam ser trabalhadas.
É nessa hora que entram os Plot Points, ou Pontos de Virada.
Basicamente o Primeiro Ponto de Virada é o ponto "Fodeu".
Numa história de sobrevivência na selva, seria a hora em que o avião cai, por exemplo. A hora em que o político descobre que há um video comprometedor dele que prejudicará a campanha.
A história seguia por um caminho (o personagem tentando alcançar seu objetivo fosse qual fosse), e de repente é jogado em outro caminho. É este o ponto inicial para o Ato 2 e o conflito que se seguirá, com o personagem tentando resolver os problemas que lhe aparecem pelo caminho.
O Plot Point 2 é o ponto em que o personagem consegue descobrir como voltar aos eixos.
O sobrevivente na selva, pode ver o sinal de civilização ao longe. O político, pode descobrir um plano para reaver a gravação de vídeo. Não importa. Após diversas tentativas frustradas, é aqui a "luz no fim do túnel" da história de seu personagem.
Não importa se o plano dará certo ou não, o que importa é que o plano ou ação do personagem, o levará definitivamente para o Ato 3, onde acontecerá a resolução.
Considerações Finais
Enfim, esta foi uma introdução básica. Futuramente falaremos sobre o paradigma de um texto, sobre como abordar o assunto, como criar um bom personagem, entre outros tópicos que espero que sejam de alguma valia.
Abraços.